22 de Fevereiro de 2025.

  • ico-capa-01-facebook.png
  • ico-capa-01-twitter.png
  • ico-capa-01-whatsapp.png

Geral Sábado, 22 de Fevereiro de 2025, 09:56 - A | A

Sábado, 22 de Fevereiro de 2025, 09h:56 - A | A

DELAÇÃO

Delação revela recompra de joias e pânico de Michelle Bolsonaro ao deixar o Alvorada

Mauro Cid ficou incumbido da missão de recomprar as joias nos Estados Unidos

Edina Araújo/Fatos de Brasília

Em um depoimento explosivo, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou detalhes de uma operação sigilosa para recomprar joias vendidas durante a gestão presidencial. A confissão, feita no âmbito da delação premiada, revelou que os valores arrecadados com a venda das peças – incluindo dois relógios comercializados por US$ 68 mil e um kit de joias por US$ 18 mil – deveriam ter sido repassados a Bolsonaro, mas acabaram perdendo em meio a desencontros financeiros e logísticos.

Além da intricada negociação para recuperar os bens de alto valor, a delação trouxe outro episódio inédito: o pânico da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ao perceber que teria que deixar o Palácio da Alvorada. Segundo Mauro Cid, Michelle tentou retardar sua saída da residência oficial em meio à pressão crescente das investigações.

A corrida pela recompra das joias

Conforme Mauro Cid, "{eles} foram até lá, mas não conseguiram encontrar a loja, porque eu não me lembrava exatamente onde ficava.  Foi então que decidiu comprar a passagem.

"Peguei um voo para Miami no domingo à noite e cheguei bem cedo na cidade. Assim que desembarquei, fui direto à loja para tentar recomprar os itens. No local, encontrei o vendedor que havia me vendido as peças anteriores e expliquei que recuperará-las. Ele respondeu: 'Poxa, mas eu já vendi'. Insisti, dizendo que eu recuperaria os bens. Então, ele se dispôs a tentar recuperá-los. Conseguiu, mas cobrou **US$ 35 mil**, o dobro do valor que eu havia pago originalmente."

Questionado se havia recomprado as joias em dinheiro, Mauro Cid disse que comprou com o seu dinheiro. "Sim, com o meu dinheiro. No próprio domingo, viajei para lá."

De acordo com o delator, o dinheiro obtido com a venda dos itens foi extraviado em um vaivém desorganizado de valores. “Eu sabia que ele deixava a jogada numa gaveta que ele tinha, mas assim, nunca na casa dele”, declarou o delator, enfatizando que nem ele, nem seus familiares, tampouco outros aliados foram beneficiados financeiramente.

Diante do impasse, Mauro Cid ficou incumbido da missão de recomprar as joias nos Estados Unidos. Sem conseguir identificar a loja exata onde os bens adquiridos foram originalmente vendidos, ele acionou um intermediário, um homem identificado apenas como Sidney. Em um movimento apressado, embarcou para Miami, levando consigo uma grande quantia em dinheiro vivo.

“Fui até o Banco do Brasil, liguei para o meu gerente e falei: 'Cara, eu vou precisar de US$ 35 mil '. Aí o gerente foi, eu saquei o dinheiro, saquei em cash. Paguei e recuperei os bens”, relatou Cid, destacando que a quantidade havia sido repassada pelo coronel Marcelo Câmara, um dos assessores mais próximos de Bolsonaro. A justificativa oficial para a origem do dinheiro teria sido a venda de um relógio.

A "Minuta do Golpe" e a pressão de Michelle Bolsonaro

Além da polêmica recompra das joias, a delação de Mauro Cid trouxe novos detalhes sobre a chamada “minuta do golpe”, um documento que sugeria a prisão de figuras importantes do Judiciário, como os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, segundo Cid, Bolsonaro teria alterações no texto, rapidamente a lista de alvos. “Ele disse: 'Não, não vai prender ninguém. Só vai prender Alexandre de Moraes e fazer a alteração'”, relatou o ex-ajudante.

Outro momento de grande impacto no depoimento foi o relato sobre a ex-primeira-dama. De acordo com Cid, Michelle Bolsonaro teria reagido com desespero à iminência de deixar o Palácio do Alvorada. A mudança da residência oficial da Presidência foi acompanhada de um clima de tensão, com Michelle insistindo para que Bolsonaro tomasse medidas urgentes para permanência no local.

O ex-ajudante de ordens descreveu um ambiente de pânico e confusão, onde Michelle temia que sua saída expusesse aspectos de sua vida privada. A primeira-dama teria expressado grande preocupação sobre o que poderia ser encontrado na residência oficial após sua desocupação.

Investigação e reações

Enquanto a Polícia Federal avançava nas investigações sobre a venda e recompra das joias – que, segundo as apurações, foram recebidas como presentes de autoridades estrangeiras –, o inquérito já levou ao indiciamento do ex-presidente e de alguns de seus aliados mais próximos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) está na fase final de análise para decidir se apresentará denúncia formal contra os envolvidos.

A defesa de Marcelo Câmara declarou que “não há qualquer denúncia formalizada” sobre o caso das joias e garantiu que usará todos os instrumentos legais para rebater eventualmente contra. Jair Bolsonaro, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre as revelações feitas por Mauro Cid.

A delação de Mauro Cid adicionou novos capítulos à complexa teia de transações financeiras que marcaram os bastidores do governo Bolsonaro. A mistura de joias vendidas e recompradas, movimentações financeiras sigilosas e um plano para se manter no poder coloca mais pressão sobre o ex-presidente e seus aliados, enquanto as investigações avançam.

Leia tambémCartão corporativo bancava gastos com motociatas, revela Mauro Cid

Siga a página do VGNotícias no Facebook e fique atualizado sobre as notícias em primeira mão (CLIQUE AQUI).

Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).   

Comente esta notícia

icon facebook icon twitter icon instagram icon whatsapp

SEPS 713/913 Brasília / DF

|