Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A sessão desta terça-feira (25.03) na Câmara dos Deputados foi marcada por discursos inflamados e um clima de forte tensão entre parlamentares da base do governo e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em razão do julgamento que iniciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que pode transformar Bolsonaro e mais sete aliados em réus por tentativa de golpe de Estado.

O episódio teve início após o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) subir à tribuna e afirmar que o “grande dia” havia chegado. “Os golpistas vão começar a pagar pelos crimes que cometeram. Em poucas horas, o Bolsonaro vai ser réu, e em breve vai estar na Papuda”, disse, referindo-se ao complexo penitenciário do Distrito Federal. O psolista também repudiou as tentativas de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “Não vai ter anistia. Bolsonaro vai responder pelos crimes dele, sim, vai ser preso”, completou.

A fala gerou reação imediata. O deputado Padre João (PT-MG) reforçou a gravidade das denúncias feitas contra o ex-presidente e seus aliados, destacando que há provas de que o grupo arquitetou inclusive planos de assassinato contra o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. “Não podem ter menos de 20 anos de prisão. Bolsonaro e os seus sete arquitetaram o golpe. Viva a democracia! O STF punirá quem atentou contra ela”, afirmou o petista.

Na sequência, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) respondeu com ataques pessoais aos colegas. Chamou Boulos de “psolista que pode pedir música no Fantástico por já ter sido preso três vezes” e ironizou Padre João, referindo-se a ele como “padre da Shopee”. “Esse esquerdopata deveria lavar a boca para falar do presidente Bolsonaro. É um circo que está sendo armado, um tribunal de exceção. Querem fazer réu um presidente honesto”, disse.

A provocação gerou novo momento de tensão. Padre João pediu a palavra e rebateu: “Padre da Shopee? Só poderia vir de um deputado chamado Delegado Caveira. Quem defende bandido é bandido igual”, disparou. “Vocês dizem que bandido bom é bandido morto. Nós não queremos bandido morto. Queremos bandido preso”, completou.

Diante da confusão, o presidente em exercício da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), pediu respeito e tentou encerrar o bate-boca. Ele lembrou que a pauta do dia havia sido dedicada a projetos da bancada feminina e transferiu a condução da sessão para a deputada Delegada Katarina, como parte da homenagem ao mês das mulheres.

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