Foto: © Reuters/Agência Brasil

O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, emitiu uma nota contundente, na noite dessa segunda-feira (03.03), condenando a decisão de Israel de suspender a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Segundo o Itamaraty, a medida agrava ainda mais a crise humanitária na região e enfraquece o cessar-fogo vigente.

Na nota, o governo brasileiro "deplora a decisão israelense" e exorta a "imediata reversão da medida", destacando que Israel tem a obrigação, conforme determinações da Corte Internacional de Justiça (CIJ), de garantir a prestação de serviços essenciais e o livre fluxo de assistência humanitária à população civil de Gaza.

O comunicado enfatiza que "a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário".

Desde o início do conflito, em outubro de 2023, o Brasil tem defendido dois pontos fundamentais: um cessar-fogo permanente entre Israel e o Hamas e a garantia de um corredor humanitário para socorrer a população palestina. No entanto, as relações entre os dois países se deterioraram após declarações polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto nazista. A afirmação gerou uma crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, minando a capacidade brasileira de atuar como mediador do conflito.

Apesar desse distanciamento, o Brasil continua a se posicionar de forma incisiva sobre o tema. A nota do Itamaraty reforça o apoio à solução de dois Estados, com Israel e Palestina convivendo pacificamente dentro de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, também reiterou recentemente que o Brasil defende a retirada total das tropas israelenses de Gaza.

A decisão de Israel de barrar a entrada de ajuda humanitária ocorre em meio a um fortalecimento diplomático do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que conta com o apoio de seu aliado estratégico, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Além disso, um vídeo que circula nas redes sociais mostra Netanyahu fazendo referências a um plano de transformação de Gaza, o que levantou especulações sobre possíveis mudanças territoriais na região.

Diante da escalada do conflito e do aprofundamento da crise humanitária, a posição do Brasil reflete uma preocupação global com as condições de vida da população palestina e a necessidade de soluções duradouras para a região.

Veja íntegra da nota do Ministério das Relações Exteriores

governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor.

Ao exortar à imediata reversão da medida, o Brasil recorda que Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos. A obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O Brasil insta as partes ao estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e ao engajamento nas negociações a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala.

Leia também - Trump corta apoio militar à Ucrânia e reacende tensões internacionais

Siga a página do VGNotícias no Facebook e fique atualizado sobre as notícias em primeira mão (CLIQUE AQUI).

Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).