11 de Março de 2025.

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Ministérios Domingo, 09 de Março de 2025, 18:48 - A | A

Domingo, 09 de Março de 2025, 18h:48 - A | A

MINISTÉRIO

Gleisi assume Secretaria de Relações Institucionais nesta segunda com desafios na articulação política

O desafio central para Gleisi será ampliar o diálogo com o chamado “centrão”

Edina Araújo/Fatos de Brasília

Gleisi Hoffmann toma posse nesta segunda-feira (10.03) como ministra da Secretaria de Relações Institucionais, em um movimento estratégico do governo para fortalecer sua base política. A nomeação de Gleisi, que já comandou o PT em momentos críticos — incluindo o período da prisão do presidente Lula —, foi recebida com reações mistas dentro e fora da base governista, antecipando os desafios que a nova ministra enfrentará para consolidar o apoio no Congresso.

Enquanto setores da esquerda e do próprio PT aprovaram a escolha, partidos de centro e da oposição reagiram com cautela e até resistência, o que sinaliza um caminho difícil para a construção de uma base sólida no Parlamento. O desafio central para Gleisi será ampliar o diálogo com o chamado “centrão”, essencial para garantir apoio em votações estratégicas e assegurar a governabilidade nos próximos meses.

Nos bastidores, a principal crítica entre os partidos de centro é que a nomeação de Gleisi representa uma “escolha para dentro” — ou seja, uma sinalização política voltada para consolidar o apoio interno no PT, sem um esforço evidente para construir pontes com outras legendas. Esse movimento é visto com preocupação por partidos como MDB, PP e União Brasil, que compõem a base de sustentação do governo, mas que já ensaiam um distanciamento estratégico de olho nas eleições de 2026.

De acordo com fontes políticas, a indicação de Gleisi reforça a tendência de o governo priorizar a coesão interna em vez de buscar alianças mais amplas. A avaliação nos bastidores é que o governo optou por um perfil combativo, com forte ligação com o PT, em vez de uma escolha mais conciliatória, o que pode dificultar o diálogo com o Congresso em temas sensíveis.

A oposição, como esperado, reagiu com críticas diretas, enquanto os partidos de centro adotam uma postura pragmática, avaliando os riscos de manter um alinhamento direto com o governo em um cenário de baixa popularidade em ano pré-eleitoral. Para esses partidos, manter independência política pode ser mais vantajoso em 2026, especialmente diante de um cenário eleitoral incerto.

Orçamento, emendas e poder de barganha

Outro fator que influencia a dinâmica política é o controle sobre o orçamento e a distribuição de emendas parlamentares. Com cerca de R$ 50 bilhões em emendas sob controle do Congresso, os partidos do centrão ganharam maior poder de articulação, reduzindo a dependência dos ministérios para garantir a execução de projetos em suas bases eleitorais.

Nos bastidores, comenta-se que essa configuração explica o interesse estratégico por pastas com grande orçamento, como Minas e Energia, Agricultura e Turismo, que têm sido alvo de disputa entre os partidos. O governo, no entanto, ainda não deu sinais claros de que fará uma reforma ministerial para acomodar essas demandas, o que tem gerado insatisfação entre os partidos aliados.

Fontes próximas ao governo indicam que o Planalto enfrenta pressão para redistribuir cargos e ampliar o espaço de partidos de centro na Esplanada dos Ministérios, o que pode ser determinante para garantir apoio em votações importantes no Congresso. A manutenção desse cenário de tensão aumenta a margem de negociação dos partidos, que pressionam por mais espaço político e recursos para suas bases.

Disputa pelo comando da CCJ e da liderança na Câmara

A composição das principais comissões na Câmara, especialmente a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), é outro ponto de tensão. A CCJ é estratégica, pois por ela passam os projetos mais importantes para o governo. Atualmente, há uma disputa entre o MDB e o União Brasil pelo comando da comissão, o que tem travado o andamento de pautas prioritárias para o Palácio do Planalto.

Além disso, a definição da liderança do governo na Câmara segue indefinida. O nome de Isnaldo Bulhões (MDB) foi cogitado para a posição, o que seria um gesto de ampliação da base aliada. No entanto, o líder do PT na Câmara, Zé Guimarães, continua conduzindo as negociações, o que reforça o controle político do partido sobre as articulações no Congresso.

Nos bastidores, parlamentares do MDB e do União Brasil afirmam que o governo precisa ceder mais espaço político para consolidar o apoio no Congresso. Sem essa sinalização clara, a governabilidade pode continuar frágil nos próximos meses.

Popularidade e custo político

Com a popularidade em baixa, segundo analistas políticos, os partidos de centro calculam o custo de uma associação direta com o governo. A dúvida entre os líderes partidários é se vale a pena fechar um compromisso agora ou se é mais estratégico manter independência para negociar com mais vantagem em um eventual governo adversário após as eleições de 2026.

A análise política nos bastidores indica que a baixa popularidade do governo tem um peso significativo na resistência dos partidos de centro em consolidar o apoio à nova ministra. A avaliação é que, sem sinais concretos de crescimento econômico e de recuperação da imagem pública do governo, a adesão direta ao governo pode se tornar um ônus político para candidatos em 2026.

Desafio de articulação e governabilidade

A posse de Gleisi Hoffmann, portanto, reflete uma tentativa do governo de consolidar sua base política interna e aumentar sua capacidade de articulação no Congresso. No entanto, o sucesso dessa estratégia dependerá da habilidade de Gleisi em dialogar com o centro e com setores mais resistentes ao governo. A capacidade de equilibrar o apoio interno do PT com uma postura aberta ao diálogo com outras forças políticas será o grande teste da nova ministra nos próximos meses.

Analistas políticos avaliam que o futuro político do governo dependerá não apenas da capacidade de Gleisi em articular apoio no Congresso, mas também da disposição do governo em ceder espaço político e orçamentário aos partidos de centro. Sem essa movimentação, a governabilidade pode ser comprometida, especialmente em um cenário pré-eleitoral que tende a tornar as negociações políticas mais complexas e voláteis.

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