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Indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais gera surpresa

A indicação da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) para assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo federal pegou aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de surpresa nesta sexta-feira (28.02). O próprio Lula anunciou a nomeação por meio de suas redes sociais, ocasião em que também confirmou o ministro Alexandre Padilha para uma nova função no governo. A escolha de Gleisi gerou estranhamento entre parlamentares e ministros, que questionam se a petista tem o perfil adequado para a articulação política, um posto que exige habilidade para negociar e compor alianças no Congresso.

Entre os aliados de Lula, a avaliação predominante é que Gleisi tem um histórico de atuação voltado mais para dentro do PT do que para a construção de pontes com outros partidos. Segundo um ministro que preferiu não se identificar, a deputada sempre foi uma defensora ferrenha de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, mas sem preocupação em agregar forças externas.

"Ela nunca pensou na base aliada, sempre atuou para dentro, defendendo Lula e Dilma. É excludente, não agregadora. Se for quem a gente conhece, vai dividir, não unir", avaliou.

Outro ponto de atenção dentro do Palácio do Planalto é que, com Gleisi na articulação política, haveria uma sobreposição com o papel já desempenhado por Rui Costa no governo. "Você já tem um perfil mais duro dentro do Planalto, e agora teria um segundo nome na mesma linha. Padilha, apesar das críticas, sempre defendeu a política econômica e buscava manter uma relação pragmática com o Congresso", comentou um interlocutor do governo.

No Senado, a expectativa é para saber se o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foi consultado sobre a indicação. No momento, parlamentares ainda aguardam um posicionamento do senador, que tem grande influência sobre a agenda do governo no Senado. 

Na Câmara dos Deputados, a nomeação de Gleisi também causa estranheza. Parlamentares apontam que a petista tem um perfil combativo e de enfrentamento, o que pode dificultar as negociações políticas, que demandam diálogo e conciliação. No entanto, aliados de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, destacam um detalhe importante: Gleisi foi uma das principais articuladoras dentro do PT para garantir o apoio do partido à eleição de Hugo Motta.

Essa conexão com Motta levanta uma hipótese entre deputados: a indicação de Gleisi pode estar atrelada a um acordo de Lula para garantir que o líder do governo na Câmara seja Isnaldo Bulhões (MDB-AL), o nome preferido de Hugo Motta para o posto. Essa movimentação, por sua vez, implicaria a saída de José Guimarães (PT-CE) da liderança do governo, com a possibilidade de que ele seja deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, cargo que inicialmente estava reservado para Gleisi.

Com essa estratégia, Lula estaria dobrando a aposta em uma figura leal e disciplinadora para cobrar a base aliada, tanto entre os ministros petistas quanto entre os partidos do centro e centro-esquerda.

"Mas vai funcionar? Não sei", afirmou um ministro do governo. "Claramente, a Gleisi lá é uma mensagem clara para a base: Lula quer disciplina."

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